A feminilidade e maquiagem: expressões, manifestações, reivindicações
- Kenji Hiratuka
- 8 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Hey Mandets, hoje, neste dia da mulher tão especial, nós preparamos uma breve história da maquiagem, junto a reflexões sobre feminilidade. Boa leitura!!
A maquiagem possui uma vasta história, e diversas origens, sendo assim, um fenômeno diverso. Aqui nós vamos te apresentar uma história marcada por manifestações culturais e sociais, junto com reivindicações.
Primeiro, precisamos entender alguns pontos. A manifestação por meio de pinturas corporais remonta a milhares de anos atrás, desde os egípcios aos nossos povos originários. Estas civilizações utilizavam diversos pigmentos para manifestar sua religiosidade, se comunicar e para diferenciar-se entre si. Entretanto estas práticas e produtos são totalmente diferentes dos atuais usos da maquiagem, sendo assim, podemos inseri-los em um contexto de expressão corporal como um todo, e refletirmos sobre essa sociedade por meio do contexto delas.
Assim, quando estamos falando da história da maquiagem, estamos falando de uma preparação para as interações sociais. A palavra maquiagem vem do francês, maquiller que significa, pintar o rosto para uma apresentação teatral, e também vem do inglês make, que significa fazer. Em suma, é o trabalho, a criação do rosto, que pode atender a diversas formas de expressão.
Vamos agora pensar na relação de feminilidade com a maquiagem, que começa a ficar mais evidente desde os anos 1920, com as conhecidas melindrosas.

Com o desenvolvimento urbano chegam novas formas de trabalho e entretenimento, algumas mulheres começam a não se identificar com o padrão até então vigente, da mulher do lar, esta fase é marcada pelo batom forte e o afinamento das sobrancelhas, com cabelos curtos, e roupas mais leves. Essa juventude feminina usava a maquiagem para chamar a atenção e para desafiar.
Podemos observar que existiram diversas modas dentro da maquiagem, que desde os anos 1930 até os 1950 foram determinantes, como o cinema e o desenvolvimento de tecnologias. As atrizes hollywoodianas, que se tornaram estrelas globais, ditaram e ditam até hoje tendências de maquiagem.


Aqui dois fortes exemplos Elizabeth Taylor com a pele mais esbranquiçada, batom forte e maçãs do rosto rosado, e Marilyn Monroe com uma maquiagem mais leve ressaltando os traços de seu rosto e o batom pouco marcado.
Agora, vamos falar de reivindicações. Nos anos 1960, fenômenos como a contracultura nos Estados Unidos e na Inglaterra, movimento Hippie, os movimentos feministas e os movimentos pretos eclodiram com lutas, reivindicações e reflexões sobre a sociedade daquela época e ideais de futuro.
Quando pensamos em maquiagem e feminilidade nesse período, conseguimos entendê-las de forma mais complexa, para as algumas feministas a maquiagem estava perpetuando uma forma de vida enlatada e glamourizada que não condizia com a realidade, necessitava de longas horas para ser feita e perpetuava uma objetividade da mulher. Assim começa o movimento de clean makeup, com maquiagens mais rápidas e leves.
No mesmo período mulheres negras, percebem-se fora da cultura da maquiagem, pois toda a moda e produtos era para uso e valorização da pele branca, logo, começam a pressionar o mercado e outras mulheres pretas a pensarem sobre outros conceitos de beleza, além de produtos que as atenderam.

Naomi Campbell é um exemplo dos anos 1990, que reflete os movimentos negros dos anos 1960. Nela vemos maquiagens próprias para a pele preta, que não buscam clareá-las mas sim enfatizar a presença de melanina e os traços africanos.
Por fim, esperamos que reflitam e se inspirem nessa breve história que nós trouxemos, sem esquecer que quando nos preparamos, quando nos maquiamos, estamos criando nós mesmos e também nos projetando na sociedade, maquiar pode expressar diversas coisas e nos ajuda a comunicar aquilo que nós acreditamos e queremos para si.

Kenji Hiratuka, Redator da Mandacaru Cosméticos, Historiador e Mestrando em Educação Sexual na Unesp.
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